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Gentileza (gera Gentileza) "o Profeta" e a verdadeira história do incêndio no circo em Niterói-RJ - ano de 1961.

Profeta Gentileza


 
Profeta Gentileza
Nome completo José Datrino
Nascimento 11 de abril de 1917
CafelândiaSão PauloBrasil
Morte 28 de maio de 1996 (79 anos) Mirandópolis, São Paulo
Nacionalidade brasileira

José Datrino, mais conhecido como Profeta Gentileza (Cafelândia - São Paulo),  11 de abril d e  1917  — MirandópolisSão Paulo28 de maio de 1996) foi uma personalidade urbana carioca, espécie de pregador, que se tornou conhecido a partir de 1980 por fazer inscrições peculiares sob um viaduto situado na Avenida Brasil, na zona portuária do Rio de Janeiro, onde andava com uma túnica branca e longa barba.

"Gentileza gera gentileza" é sua frase mais conhecida.

Nasceu em CafelândiaSão Paulo, no dia 11 de abril de 1917. Com mais onze  irmãos , teve uma infância de muito trabalho, na qual lidava diretamente com a terra e com os animais. Para ajudar a família, puxava carroça vendendo lenha nas proximidades  .

O campo ensinou a José Datrino a amansar burros para o transporte de carga. Tempos depois, como profeta Gentileza, se dizia "amansador dos burros homens da cidade que não tinham esclarecimento".

Desde sua infância José Datrino era possuidor de um comportamento atípico. Por volta dos treze anos de idade, passou a ter premonições sobre sua missão na terra, na qual acreditava que um dia, depois de constituir família, filhos e bens, deixaria tudo em prol de sua missão. Este comportamento causou preocupação em seus pais, que chegaram a suspeitar que o filho sofria de algum tipo de loucura, chegando a buscar ajuda em curandeiros espirituais.

No dia 17/12/1961 foi chamado de Tragédia do Gran Circus Norte-Americano e considerado uma das maiores fatalidades em todo o mundo circense. Neste incêndio morreram mais de 500 pessoas, a maioria, crianças. Na antevéspera do Natal, seis dias após o acontecimento, José acordou alegando ter ouvido "vozes astrais", segundo suas próprias palavras, que o mandavam abandonar o mundo material e se dedicar apenas ao mundo espiritual. O Profeta pegou um de seus caminhões e foi para o local do incêndio onde hoje encontra-se a Policlínica Militar de Niterói. Plantou jardim e horta sobre as cinzas do circo em Niterói, local que um dia foi palco de tantas  alegrias , mas também de muita tristeza. Aquela foi sua morada por quatro anos. Lá, José Datrino incutiu nas pessoas o real sentido das palavras Agradecido e  Gentileza . Foi um consolador voluntário, que confortou os familiares das vítimas da tragédia com suas palavras de bondade. Daquele dia em diante, passou a se chamar "José Agradecido", ou "Profeta Gentileza".

Contrariando a lenda popular, Gentileza sempre reafirmava: "Sou papai de cinco filhos, três femininos e dois masculinos, não perdi ninguém no incêndio do circo!"

Após deixar o local que foi denominado "Paraíso Gentileza", o profeta Gentileza começou a sua jornada como personagem andarilho. A partir de 1970 percorreu toda a cidade. Era visto em ruas, praças, nas barcas da travessia entre as cidades do Rio de Janeiro e Niterói, em trens e ônibus, fazendo sua pregação e levando palavras de amor, bondade e respeito pelo próximo e pela natureza a todos que cruzassem seu caminho. Aos que o chamavam de louco, ele respondia: - "Sou maluco para te amar e louco para te salvar".

O Profeta Gentileza também morou na cidade de Conselheiro Lafaiete - MG, onde fazia pregações de frente ao prédio onde está instalado o INSS, isso ocorreu por volta dos  1977  -  1978 . Fazia pregações e realmente chamava a atenção dos  estudantes  que falavam palavrões perto dele, além das mulheres que usavam saias curtas.

Entretanto, um artigo de autoria da professora Luiza Petersen e do jornalista e escritor Marcelo Câmara, que conviveram com Datrino ("Jornal do Brasil" de 21/02/2010) e rebatido por outro artigo publicado no Jornal do Brasil afirma que ele, apesar de falar em gentileza como um mantra, era "agressivo, moralista e desbocado. Vociferava, ofendia e ameaçava espancar transeuntes", ao ponto de às vezes ser necessário chamar a polícia para acalmá-lo. "Suas principais vítimas eram as mulheres de minissaia ou com calças apertadas, de cabelos curtos, que usavam maquiagem, salto alto e adereços. A maioria da população, especialmente as mulheres e crianças, fugia dele". A imagem que se criou dele após sua morte, segundo os autores, não corresponde às lembranças dos que conviveram com ele durante os anos 1960 e 1970.

Os murais

A partir de 1980, escolheu 56 pilastras do viaduto da Avenida Brasil, que vai do Cemitério do Caju até o Terminal Rodoviário do Rio de Janeiro, numa extensão de aproximadamente 1,5 km. Ele encheu as pilastras do viaduto com inscrições em verde-amarelo propondo sua crítica do mundo e sua alternativa ao mal-estar da civilização.

Durante a Eco-92, o Profeta Gentileza colocava-se estrategicamente no lugar por onde passavam os representantes dos povos e incitava-os a viverem a gentileza e a aplicarem gentileza em toda a Terra.

Atualmente os murais estão ameaçados de destruição pelo projeto "Porto Maravilha" da prefeitura do RJ, que pretende demolir o viaduto, onde os murais estão, restaurados como os murais são tombados pela prefeitura, não há consenso sobre o que acontecerá com eles.

Morte e Legado

Em  28 de maio de 1996 , aos 79 anos, faleceu em Mirandópolis, cidade de seus familiares, onde foi sepultado.

Com o decorrer dos anos, os murais foram danificados por pichadores, sofreram vandalismo, e mais tarde cobertos com tinta de cor cinza pela prefeitura da cidade do Rio de Janeiro. A eliminação das inscrições foi criticada e posteriormente com ajuda da prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, foi organizado o projeto Rio com Gentileza, com o objetivo restaurar os murais das pilastras. Começaram a ser recuperadas em janeiro de 1999. Em maio de 2000, a restauração das inscrições foi concluída e o patrimônio urbano carioca foi preservado.

No final do ano 2000 foi publicado pela EdUFF (Editora da Universidade Federal Fluminense) o livro Brasil: Tempo de Gentileza, de autoria do professor Leonardo Guelman. A obra introduz o leitor no "universo" do profeta Gentileza através de sua trajetória, da estilização de seus objetos, de sua caligrafia singular e de todos os 56 painéis criados por ele, além de trazer fatos relacionados ao projeto Rio com Gentileza e descrever as etapas do processo de restauração dos escritos. O livro é ricamente ilustrado com inúmeras fotografias, principalmente do profeta e de seus penduricalhos e painéis. Além de fotos do próprio profeta Gentileza trabalhando junto a algumas pilastras, existem imagens dos escritos antes, durante e após o processo de restauração.

Em 2001, foi homenageado pela   Escola de Samba GRES Acadêmicos do Grande Rio  .

Em Conselheiro Lafaiete, cidade do interior de Minas Gerais, há um amplo trabalho feito pela ONG AMAR que dá continuidade ao trabalho do Profeta Gentileza. Foram desenvolvidas oficinas com jovens da cidade, onde foi possível repassar as técnicas de mosaico. Além disso, um grande muro no bairro São João recebeu uma linda aplicação de mosaico. E a praça São Pedro, no bairro Albinopólis, foi toda decorada seguindo o exemplo do Profeta Gentileza.

O profeta Gentileza nas artes

  • Gentileza foi homenageado na música pelo compositor Gonzaguinha, nos anos 1980; e também pela cantora Marisa Monte, nos anos 1990. As duas canções levam o nome Gentileza.
  • A canção de Gonzaguinha mostrava uma homenagem ao profeta, como se vê no trecho: "Feito louco / Pelas ruas / Com sua fé / Gentileza / O profeta / E as palavras / Calmamente / Semeando / O amor / À vida / Aos humanos". A canção de Marisa Monte, por sua vez, além de incentivar os valores pregados pelo profeta (no trecho "Nós que passamos apressados / Pelas ruas da cidade / Merecemos ler as letras / E as palavras de Gentileza"), retrata os danos ocorridos contra os murais, como diz o trecho: "Apagaram tudo / Pintaram tudo de cinza / Só ficou no muro / Tristeza e tinta fresca.".
  • No ano de 2000, na cidade de Mirandópolis (SP), onde o profeta está enterrado, foi criada a primeira ONG da cidade: Gentileza Gera Gentileza, fundada por parentes e amigos que admiravam a filosofia de vida do Profeta. A ONG, além de lembrar a pessoa de José Datrino (Profeta Gentileza), em sua criação, tinha a missão de difundir educação e cultura em toda a região. Vários eventos foram feitos, como: Saraus mensais itinerantes, Encontros de Corais, Tardes Culturais para Crianças no Bosque da cidade, Participações em Eventos Escolares e um evento anual denominado "Gentileza Gera Gentileza", com música, teatro, poesia e dança, entre outros.
  • Em 2001, o Profeta Gentileza foi o enredo do G.R.E.S Acadêmicos do Grande Rio, no carnaval do Rio de Janeiro, tal desfile é considerado até hoje um dos melhores da escola. Sendo de autoria do lendário Joaozinho Trinta.
  • Em 2009, o profeta foi interpretado em participação especial pelo ator Paulo José, na novela Caminho das Índias, exibida pela Rede Globo de Janeiro a Setembro de 2009.

Crenças

  • Gentileza denunciava o mundo, regido "pelo capeta capital que vende tudo e destrói tudo". Via no circo destruído uma metáfora do circomundo que também será destruído. Mas anunciava a "gentileza que é o remédio para todos os males". Deus é "Gentileza porque é Beleza, Perfeição, Bondade, Riqueza, a Natureza, nosso Pai Criador". Um refrão sempre voltava, especialmente nas 56 pilastras com inscrições na entrada da rodoviária Novo Rio no Caju: "Gentileza gera gentileza, amor". Convidava a todos a serem gentis e agradecidos. Anunciava um antídoto à brutalidade de nosso sistema de relações e, sob a linguagem popular e religiosa, um novo paradigma civilizatório urgente em toda a humanidade.
  • Houve um homem enviado ao Rio por  Deus . Seu nome era José Datrino, chamado de Profeta Gentileza (1917-1996). Por mais de vinte anos circulava pela cidade com sua bata branca cheia de apliques e com seu estandarte, pregava nas praças e colocava-se nas barcas entre Rio e Niterói anunciando sem cansar: "Gentileza gera Gentileza". Só com Gentileza, dizia, superamos a violência que se deriva do "capeta-capital". Inscreveu seus ensinamentos ligados à gentileza em 56 pilastras do viaduto do Caju, à entrada da cidade, recuperados sob a orientação do prof. Leonardo Guelman que lhe dedicou um rigoroso trabalho acadêmico, acompanhado de vídeo e um belíssimo CD-ROM com o título Universo Gentileza: a gênese de um mito contemporâneo.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre


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Incêndio no Gran Circo em Niterói

Em 17 de dezembro de 1961, mais de 500 pessoas morreram na maior tragédia circense  da história

Jornal do BrasilLuisa Bustamante
⇐ Cartaz do Gran Circo  anunciava sua chegada na  cidade de Niterói, no Rio.

Foi assim que a mais de 50 anos começou o que se considera “a maior tragédia circense da história”, como noticiaram os jornais da época. O incêndio do Gran Circo deixou um sentimento de aversão aos espetáculos itinerantes em Niterói, e promoveu uma enorme comoção no Brasil inteiro. Fez surgir o profeta Gentileza, e também se tornou um marco na carreira do cirurgião Ivo Pitanguy. Foi neste episódio que João Goulart, presidente à época, chorou na frente dos fotógrafos, ao conversar com uma das vítimas.

Os números divulgados pela imprensa eram desencontrados, mas a tragédia terminou com um saldo oficial de 503 mortos, a maioria, crianças. Há famílias que contam nunca ter encontrado seus parentes. Hoje, a história detalhada do incêndio do Gran Circo é narrada nas páginas do recém lançado O espetáculo mais triste da história, livro do jornalista Mauro Ventura, pela editora Companhia das Letras. Conta o autor que, em suas pesquisas para estruturar a obra, o que mais lhe chamou atenção foi o fato de quase ninguém acreditar na versão oficial da polícia, de que Dilson Marcelino Alves, 20 anos, o Dequinha, ateou fogo no local com a ajuda de outros dois homens, Bigode e Pardal.

Dequinha estava entre os funcionários contratados provisoriamente pelo dono do circo, Danilo Stevanovich, para ajudar na montagem do picadeiro. Por ser "preguiçoso", o jovem foi demitido três dias antes do incêndio, mas sem antes prometer vingança. Dequinha logo se tornou o principal suspeito do crime, pelo qual confessou ser o autor, dias depois da tragédia. Mesmo assim, conta Mauro Ventura que, ao abordar os personagens que viveram o drama, muitos preferem acreditar na versão de que um curto-circuito pôs fim ao espetáculo.   

Dequinha acabou confessando ter ateado fogo na lona por vingança ao proprietário do circo

“Também me chamou atenção o impacto que a tragédia teve na vida das pessoas, e não só dos sobreviventes”, lembra Ventura. “Assisti a um vídeo feito há dez anos em que os médicos falam do trabalho de atendimento às vítimas, e todos eles choram. Mesmo gente que não viveu diretamente o incêndio, tendo acompanhado apenas pelas revistas, ainda se diz marcada pelas fotos”.

Apesar da comoção, Niterói preferiu varrer da sua história a memória da tragédia que feriu quase um país inteiro. Os espetáculos circenses só voltariam ao município em 1975, com a chegada do circo Hagenback, que inaugurou com lona importada à prova de fogo, saídas de emergência, extintores de incêndio e bombeiros de plantão. Anos depois, no local onde se deu a tragédia de 61, o Exército decidiu erguer o hospital Policlínica Militar de Niterói – que neste sábado inaugura, às 11h, um memorial para as vítimas no local. Durante escavações para reforçar a estrutura do terreno, já na década de 80, funcionários encontraram ossadas humanas, resquícios do incêndio durante o espetáculo que, em menos de dez minutos, terminou em cinzas.

Prefeitura da cidade estimou em 503 o número de mortos, que não cabiam em um só cemitério

O circo

O Gran Circo Norte-Americano, de americano mesmo, tinha só o nome e um artista, o palhaço Walter Alex. O proprietário, Danilo Stevanovich, era gaúcho de Cacequi, membro de uma família de sete irmãos que dominavam uma rede de circos na América Latina. Afora uma portuguesa, um japonês, um chinês e um casal francês, os demais artistas eram todos brasileiros do Rio Grande do Sul.

Era o terceiro circo sob a administração dos irmãos Stevanovich que pegou fogo. Os outros dois, Bufalo-Bill e Shangri-lá, foram destruídos em 1951 e 52, respectivamente, na Avenida Presidente Vargas. Entre as vítimas, no entanto, estavam apenas animais do circo. Estes, por sinal, não eram poucos. Com três elefantes, uma girafa, 12 leões, dois tigres, quatro ursos pardos, dois polares, um chimpanzé, um camelo, um antílope, um cavalo e alguns cães, o Gran Circo se gabava de ser um zoológico itinerante.

A elefanta salvou

Uma elefante fêmea que estava no picadeiro se tornou, anos depois, uma das heroínas do incêndio. Pronta para entrar em cena, Semba disparou em uma corrida desesperada quando um pedaço de lona queimada lhe caiu sobre o couro. Ao atravessar a lona, o animal abriu caminho e acabou salvando inúmeras pessoas – mas também fez vítimas em seu trajeto.  Nos jornais da época, o feito de Semba ganhou destaque: “Com a tromba, atirou a distância dois assistentes, que conseguiram salvar-se. As feras escaparam, embora nenhuma delas tenha conseguido abandonar as jaulas. Só alguns elefantes saíram a correr, sendo imediatamente dominados pelos domadores”, escreveu o JB.

Ivo Pitanguy

Quando houve o incêndio, o cirurgião plástico Ivo Pitanguy trabalhava como professor na PUC, e ainda não tinha inaugurado a famosa clínica na rua Dona Mariana em Botafogo. No dia, conta ao JB, ele seguia para a Santa Casa da Misericórdia quando ouviu, pela rádio, o anúncio de que o circo pegava fogo.  Pitanguy seguiu para o Iate Clube do Rio e, a bordo da sua lancha particular, atravessou a Baía de Guanabara para se juntar ao mutirão que procurava ajudar as vítimas.

“Cheguei com uma equipe em pleno momento de comoção. Havia muita gente querendo ajudar, mas também uma enorme desorganização”, lembra o médico. “Lembro de um caso muito heróico de um menino que tinha se salvado e voltou para debaixo da lona para buscar o seu amigo. O que era mais dramático é que eram muitas crianças, e ao lado delas, seus amigos, de modo que devia haver ali pelo menos 500 delas”.

Os que ficaram

Muitos personagens, além do menino Pablo, sobreviveram ao incêndio, outros foram salvos por qualquer acaso que os impediu de conferir o espetáculo. O dono do circo, Danilo Stevanovich, por exemplo, não abandonou o negócio e continuou no ramo circense até sua morte, em 2001, conforme conta Mauro Ventura.  Hoje, a família ainda está à frente de três lonas: Le Cirque, Bolshoi e Karton.

Mas nem todos tiveram a sorte de se refazer como os Stevanovich. Maria José do Nascimento Vasconcelos, a Zezé, viveu durante anos com circofobia e constantes desmaios, diagnosticados por médicos como uma epilepsia adquirida. Salva pela elefanta Semba, Zezé adquiriu mesmo foi o gosto pelos paquidermes e coleciona em casa miniaturas dos animais. Há também os personagens que mostram a superação, caso de Lenir Ferreira de Queiroz Siqueira, que perdeu o marido e os dois filhos no incêndio, e ainda cultiva a alegria de viver.

Houve também os que se salvaram por algum acaso – ou interferência divina, para os mais supersticiosos. É o caso de Rosane Coelho, que tinha reservado o domingo para ir ao espetáculo, mas por conta de uma febre, foi para um lanche de família na casa de um tio. 

“Na véspera, eu, meus pais e minha irmã tínhamos dito à nossa avó que iríamos ao circo, o que  não aconteceu”, conta. “Quando soube do incêndio no dia seguinte, minha avó ligava desesperadamente para a minha casa, mas não atendíamos porque estávamos na casa do meu tio. Ela ficou desesperada”, acrescenta, lembrando das kombis que passavam com voluntários pedindo gelo nas casas para ajudar os feridos.

O profeta gentileza

Quando o Gran Circo foi incendiado, Datrino recebeu um “chamado divino”, segundo o qual deveria “consolar os desconsolados” que perderam tudo com a tragédia. A partir de então, Datrino virou Gentileza, o profeta. Deixou a família, pegou seu caminhão, comprou 200 litros de vinho e se dirigiu à Av. Rio Branco, em Niterói, para oferecer, de graça, um copo da bebida como consolo para quem quisesse. Gentileza também montou uma casa no local do incêndio, plantou flores e fincou uma placa: “Bem-vindo ao Paraíso do Gentileza. Entre, não fume, não diga palavras obcenas”. Viveu durante quatro anos no local consolando as pessoas que por lá passavam. O incêndio do Gran Circo Norte-Americano fez surgir o profeta Gentileza, figura conhecida por suas famosas mensagens nas pilastras do Caju. Reza a lenda que o excêntrico personagem enlouqueceu ao perder a família na tragédia, mas Mauro Ventura desmente o mito em O espetáculo mais triste da Terra. José Datrino, nome verdadeiro de Gentileza, trabalhava com uma frota de caminhões.

Outros trabalhos afirmaram que Gentileza preveniu muitas mortes ao oferecer palavras de consolo aos parentes e amigos que iam ao local do incêndio – onde ele estabeleceu morada – para tentar suicídio na linha do trem que passava por perto.  Quando saiu do local do acidente, Gentileza peregrinou pelo país. 

O choro de Jango

 

 

O presidente João Goulart visitou o Hospital Antônio Pedro, onde se encontravam as vítimas nos dias que se seguiram ao incêndio. Á época, contou o Jornal do Brasil que, em companhia do primeiro-ministro, Tancredo Neves, e do governador Celso Peçanha, "o presidente parou diante de uma menina de cor, envolta em gaze até o queixo, e lhe perguntou se tudo corria bem. A menina sorriu - e o presidente levou as mãos aos olhos, afastando-se logo. Diante de uma criança que mal respirava, exclamou, quase num sussurro: ‘Não é possível, meu Deus’”. Na época, Jango colocou - ou pelo menos afirmou que colocaria - todos os recursos da União para o Governo do Estado do Rio reforçar o trabalho de socorro às vítimas.

 


Matéria exibida pelo programa Notícia do Rio da Tv Brasil em 29/08/2008 falando sobre o espetáculo Univvverrsso Gentileza do CRESCER E VIVER.

Publicado por: circocrescereviver https://www.youtube.com/embed/6RnX

Jô Soares entrevista em: 25-05-2012,  Mauro Ventura, autor do Livro "O Espetáculo mais triste da Terra".

O Livro de Mauro Ventura

   

Música: Gentileza
Compositor: Gonzaguinha
 
Homenagem ao Profeta Gentileza, símbolo de luz e discernimento.
 
Feito louco
Pelas ruas
Com sua fé
Gentileza
O profeta
E as palavras
Calmamente
Semeando
O amor
À vida
Aos humanos
Bichos
Plantas
Terra
Terra nossa mãe.
Nem tudo apodrecido
De modo que se possa dizer
Nada presta
Nada presta
Nem todos derrotados
De modo que não de prá se fazer
Uma festa
Uma festa.
Encontrar
Perceber
Se olhar
Se entender
Se chegar
Se abraçar
E beijar
E amar
Sem medo
Insegurança
Medo do futuro
Sem medo
Solidão
Medo da mudança
Sem medo da vida
Sem medo medo
Das gentileza
Do coração.
Feito louco pelas ruas...
Música: Gentileza
Compositor: Gonzaguinha
Homenagem ao Profeta Gentileza, símbolo de luz e discernimento.
 
Feito louco
Pelas ruas
Com sua fé
Gentileza
O profeta
E as palavras
Calmamente
Semeando
O amor
À vida
Aos humanos
Bichos
Plantas
Terra
Terra nossa mãe.
 
Nem tudo apodrecido
De modo que se possa dizer
Nada presta
Nada presta
Nem todos derrotados
De modo que não de prá se fazer
Uma festa
Uma festa.
 
Encontrar
Perceber
Se olhar
Se entender
Se chegar
Se abraçar
E beijar
E amar
Sem medo
Insegurança
Medo do futuro
Sem medo
Solidão
Medo da mudança
Sem medo da vida
Sem medo medo
Das gentileza
Do coração.
 
Feito louco pelas ruas...
 

Gentileza - Marisa Monte

Composição: Adriana Calcanhotto 

Apagaram tudo
Pintaram tudo de cinza
A palavra no muro
Ficou coberta de tinta
Apagaram tudo
Pintaram tudo de cinza
Só ficou no muro
Tristeza e tinta fresca
Pelas ruas da cidade
Merecemos ler as letras
E as palavras de Gentileza
Por isso eu pergunto
A vocês no mundo
Se é mais inteligente
O livro ou a sabedoria
O mundo é uma escola 
A vida é o circo
Amor palavra que liberta

Já dizia o profeta

 


Ver >> Biografia - História - "gentileza gera gentileza"