O Direito de Nascer
Em 1951, foi ao ar pela Rádio Nacional o maior fenômeno de audiência em radionovelas em toda a América Latina: era O Direito de Nascer. Texto original de Felix Caignet com tradução e adaptação de Eurico Silva. O original possuía 314 capítulos o que correspondia a quase três anos de irradiação. No elenco estavam Nélio Pinheiro, Paulo Gracindo, Talita de Miranda, Dulce Martins, Iara Sales, entre outros.
O Direito de Nascer surpreendeu a todos os críticos e a todas as previsões que afirmavam que o rádio-teatro era um gênero em decadência e que o público brasileiro não se interessava por longas tramas.
Autores da Rádio Nacional
Em um levantamento sobre as radionovelas transmitidas pela Rádio Nacional no período entre 1941 e 1959, foram localizados 807 títulos e um total de 118 autores.
Desse total de autores, 23 deles foram responsáveis por 71,6% do total das novelas irradiadas através da Rádio Nacional.
Os resultados obtidos foram os seguintes: Oduvaldo Vianna (75 novelas), Gastão P. Silva (75 novelas), Carlos Gutemberg (64 novelas), Raimundo Lopes (31 novelas), Amaral Gurgel (30 novelas), Ghiaroni (28 novelas), Eurico Silva (28 novelas), Cícero Acaiaba (24 novelas), Otávio Augusto Vampré (21 novelas), Mário Brassini (20 novelas), Hélio do Soveral (18 novelas e mais de 400 histórias para o famoso Teatro de Mistério), Dilma Lebon (18 novelas), Dias Gomes (16 novelas), Mário Faccini (16 novelas), Luiz Quirino (16 novelas), Ivani Ribeiro (16 novelas), Herrera Filho (15 novelas), Janete Clair (13 novelas), Gilberto Martins (12 novelas), Saint-Clair Lopes (11 novelas), Walter Foster (10 novelas), Moysés Weltman (17 novelas) e Álvaro Aguiar (10 novelas).
Decadência
O custo da produção das radionovelas era muito alto e com o crescimento da televisão, ocorreu um fenômeno de migração da verba publicitária para o novo veículo. Isso explica, em grande parte, o abandono do gênero radionovela pelo rádio. Ao longo da década de 1960, algumas emissoras ainda mantinham alguns horários de radionovelas ou de programas de rádio-teatro.
Mas na década de 1970 o gênero desapareceu, apesar de algumas tentativas isoladas de reativá-lo. E com isso a radionovela foi se adaptando à nova era das televisões. Todas as radionovelas foram refeitas para as telenovelas. Na década de 70 praticamente não existiam mais radionovelas, só nas cidades do sul, mas ao poucos foram saíndo do ar, por causa das adaptações à televisão.
Curiosidades
Para fazer a sonoplastia tanto de fogo, quanto de chuva usa-se o mesmo recurso: amassar lentamente, diante do microfone, um pedaço de celofane.
Muitos acreditavam que as radionovelas jamais alcançariam sucesso, alegando que eram "infindáveis", que "ninguém iria acompanhar". Curiosamente, as radionovelas deram origem às telenovelas, que hoje fazem imenso sucesso no Brasil e no mundo
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Eram irradiadas, inicialmente, às segundas, quartas e sextas-feiras ou às terças, quintas e sábados. As durações eram variadas, iam de dois meses até dois anos, como foi o caso de Em busca da felicidade, que foi irradiada de 1941 até 1943, e Direito de Nascer, que ficou três anos.
A primeira radionovela em Cuba foi ao ar em 1931 e na Argentina em 1935.
Cuba se tornou um grande exportador de novelas radiofônicas para toda a América Latina. Esta situação está bem ilustrada no romance de Vargas Llosa, Tia Júlia e o Escrivinhador, ambientado em Lima, na década de 1950.
A iniciativa de colocar a novela Em busca da Felicidade no ar partiu da Standart Propaganda, a agência de propaganda do Creme Dental Colgate.2
O público alvo das radionovelas era o feminino, os grandes anunciantes desse tipo de programação eram os fabricantes de produtos de limpeza e de higiene pessoal.
Uma pesquisa do IBOPE, realizada em janeiro de 1944, apontava a seguinte audiência para o período de 10h às 11h da manhã: 69,9 % de mulheres, 19,5% de homens e 10,6% de crianças.
A Rádio Nacional, em especial, liderava a audiência em praticamente todos os horários. Concorria de igual para igual com outras emissoras, como a Rádio Tupi.